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segunda-feira, 30 de maio de 2016

PRÁTICAS EDUCATIVAS E SEMINÁRIO TEMÁTICO II- LINGUAGEM CORPORAL: As manifestações corporais no espaço escolar. ​ PRÁTICAS EDUCATIVAS E SEMINÁRIO TEMÁTICO II- LINGUAGEM CORPORAL: As manifestações corporais no espaço escolar. CARLA FONSECA DE ANDRADE RODRIGUES[1] EDERVAL PEREIRA DE SOUZA[2] GILCIMAR PINTO DE FREITAS[3] JOELMA GOMES DE OLIVEIRA ARAÚJO[4] JOSIANE DO PILAR SANTOS DE SOUZA[5] MARIA APARECIDA DO CARMO PEREIRA[6] SIMONI CARRIJO[7] A melhor maneira de tornar as crianças boas é torná-las felizes. (Oscar Wilde) INTRODUÇÃO Os educadores têm consciência de que é através do corpo que a criança se expressa e este movimento corporal dentro da escola, fica restrito a momentos específicos como as aulas de educação física e ao horário do intervalo ou recreio. Nas demais atividades em sala de aula, normalmente a criança é direcionada a permanecer devidamente sentada em sua carteira, em silêncio e de preferência olhando para frente. Segundo Strazzacapa (2001), professores e diretores ainda hoje lançam mão da imobilidade física como punição e da liberdade de se movimentar como prêmio. Esta negação do movimento relega a criança apenas contemplação, sem se envolver, sem tomar parte efetivamente dos acontecimentos ao seu redor e do mundo que a cerca. Como propósito de trabalho, objetiva-se mapear a ocorrência das manifestações e linguagens corporais na realidade do espaço da escola pública municipal de educação infantil, buscando investigar como o movimento corporal é tratado na escola e identificar a contribuição do movimento na formação da criança, assim compreendendo a importância da concepção de movimento corporal da equipe gestora - coordenação e direção. No entanto o movimento corporal para a criança vai além de uma simples manifestação de partes do corpo, significando muito mais do que a locomoção de um espaço para outro e assim, criam-se possibilidades da criança se expressar e se comunicar por meio dos gestos, interagindo e utilizando fortemente o apoio do corpo, demonstrando suas emoções, proporcionando uma comunicação com o mundo a sua volta. Dessa forma, cabe ao educador interpretar os significados dos movimentos e expressões utilizados pelos alunos, amparando-os em suas necessidades, de maneira a contribuir para que assim o processo de desenvolvimento da criança aconteça de maneira satisfatória. Sendo assim pretende-se através deste observar duas turmas da escola de Educação Infantil, para que assim possamos compreender como se dão as manifestações corporais das crianças e como essas são interpretadas tanto pelos professores regentes das turmas quanto pela equipe gestora. "A observação cuidadosa sobre cada criança e sobre o grupo fornece elementos que podem auxiliar na construção de uma prática que considere o corpo e o movimento da criança." (BRASIL, p.39, 1998). Como meio norteador para o entendimento de como se dão as manifestações corporais, utilizamos como principais teóricos, Lopes (2012), Gil (1999), Chagas (2013) e RCNEI - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) para que assim possa obter uma compreensão de como é utilizado às capacidades do desenvolvimento das habilidades da criança. O professor deve a todo o momento estar atento as atividades motoras das crianças, pois é nesse momento que o mesmo poderá identificar os mais variados significados das manifestações corporais, oportunizando assim condições de se expressarem desenvolvendo as diversas habilidades que a criança possui. Para que a criança possa interagir com o mundo é necessário haver movimento e experimentação, sendo assim, a motricidade garante suporte para o conhecimento do mundo que a rodeia. São nas escolas que se criam as primeiras possibilidades de a criança adquirir coordenações motoras facilitando a interação com o outro e consigo mesmo ganhando autonomia ampliando seu conhecimento, do outro e do eu. "A imagem do corpo é, pois, uma reconstrução constante do que o indivíduo percebe de si e das determinações inconscientes que ele traz de seu diálogo com o mundo." (FREITAS, 1999, p. 30). Em um mundo onde se predomina a tecnologia e que seu uso enaltece a cognição em detrimento ao movimento, onde ao toque de um botão a pessoa pode contemplar o mundo, tendo diversão sem sair de casa, torna-se ainda mais relevante o papel da escola em proporcionar o desenvolvimento dos alunos com relação à motricidade para que os mesmos realizem movimentos, pois, "a escola deve ser compreendida como espaço primordial para socialização" (MATO GROSSO, 2012, p.81). Dessa forma aumentam-se as possibilidades de interações, incentivando a atividade corporal, favorecendo o envolvimento físico, beneficiando a participação espontânea em tarefas que exigem a capacidade cognitivo-motor. "Todo conhecimento – inclusive de si mesmo – passa pelo corpo. É o corpo que está envolvido no processo de compreender, de recordar, de se individuar". (FREITAS, 1999, p. 74). Diante da necessidade de compreender a presença das manifestações corporais no âmbito escolar, apresentou-se a ideia de mapear as ocorrências da linguagem corporal no espaço da Educação Infantil e como a mesma é tratada. O fato de algumas escolas se preocuparem mais com os aspectos cognitivos da criança, deixando de trabalhar atividades que desenvolvem os aspectos motores, despertando-nos o interesse pelo desenvolvimento desse trabalho. O aprender está relacionado à cognição em detrimento do movimento corpóreo, como se fosse possível separá-los, tornando-se necessário compreender o homem como um todo, mente e corpo, salientando que no espaço escolar necessita haver estímulos para que tenha percepção de si mesma e construa sua imagem subjetiva, passando a ser um lugar onde ha convivência igualitária entre cognição e motricidade. Para Wallon o desenvolvimento da inteligência vai do ato motor ao ato mental, por meio de processos de internalização ativa da criança, que é concebida como um ser inicialmente fisiológico que com as interferências do social e da cultura passará a ter seu desenvolvimento biológico e psíquico intimamente ligado à interação com o meio. (LEPRE, 2008, p. 316, apud, LOPES, 2012, p. 24). Através do movimento, a criança é condicionada a buscar novas oportunidades que contribuirá para seu desenvolvimento cognitivo e motor, sendo as atividades motoras de suma importância para a interação da criança com o meio social na qual a mesma está inserida. Com o intuito de levantar os questionamentos necessários para a realização da pesquisa, de forma que venha a contribuir para o desenvolvimento da criança utilizou-se os seguintes questionários: O movimento corporal na escola está sendo desenvolvido? É compreendido e praticado? Quais manifestações corporais ocorrem na realidade de uma escola pública municipal, de Educação Infantil, na visão da equipe gestora? A investigação do movimento corporal no espaço escolar citado acima será de suma importância para a compreensão e contextualização das manifestações e ocorrências corporais na referida realidade, evidenciando assim os acontecimentos dessas no âmbito escolar de forma a buscar novas oportunidades de ensino através dos dados coletados. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: AS MANIFESTAÇÕES CORPORAIS NA ESCOLA As manifestações corporais são práticas de ensino voltadas aos movimentos consideradas uma maneira de ensinar através da ludicidade, sendo assim, essa hoje é um assunto que tem conquistado o espaço da educação nacional principalmente no que se refere à educação infantil por ser um método de ensinar brincando. Sendo assim, é uma ferramenta de trabalho pedagógico que proporciona a facilitação no ensinar e na aquisição de conhecimento oportunizando a aprendizagem do indivíduo e sua compreensão de mundo. As manifestações corporais se dão por meio de jogos, brincadeiras, danças, mímicas entre outros, são meios que fazem parte da vida de qualquer indivíduo, pois o movimento está presente na vida do ser antes mesmo dele nascer. O brincar faz parte também da cultura de uma sociedade e assim, através desse método de ensino a criança vive num mundo de descobertas, de encantamento, de fantasia e de imaginação, pois viaja pelos sonhos e adquire a descoberta de algo novo surgindo à possibilidade de aprender, criar e compreender o que está a sua volta. A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. (SANTOS, 1997, p.12). Na linguagem corporal busca-se compreender a criança para além dos aspectos intelectuais e as suas necessidades, descobrindo avanços maiores que visam contribuir para nossa compreensão acerca do desenvolvimento humano, numa perspectiva de levar a criança a entender que no âmbito escolar todo o contexto deve ser atingido e não focar em aspectos únicos, que levem a criança ao alienamento de algumas práticas. Corpo e mente deve ser entendidos como componentes que integram um único organismo. Ambos devem ter assento na escola, não um (a mente) para aprender e o outro (o corpo) para transportar, mas ambos para se emancipar. (FREIRE, 1989, p. 14, apud, LOPES, 2012, p.35). Gallahue (2003) nos apresenta como contribuição de seus estudos o modelo teórico de desenvolvimento motor humano que facilita a compreensão do mesmo, desde a fase intrauterina até o nascimento e consequentemente a velhice. Os movimentos servem então para que se avalie a progressão sequencial de habilidades motoras ao longo da vida. Ou seja, através do movimento observável pode se perceber qual a fase corresponde o desenvolvimento. (LOPES, 2012, p.40). Segundo Lopes (2012), o corpo juntamente com a Educação Física sempre foram utilizados para compreender os momentos da história da humanidade. Vários são os autores que mencionaram sobre essa realidade atribuindo a importância da Educação Física como área de conhecimento que passou por diversas mudanças até chegar a tal concepção e valorização nos dias atuais. Assim sendo, é de suma importância compreender as várias teorias no decorrer da história da educação física, para a prática das manifestações corporais. Dessa maneira é possível perceber o quanto as manifestações corporais são imprescindíveis para toda essa compreensão na busca de realizar um trabalho ao mesmo tempo em que contextualizado, também associando a teoria e a prática, com o intuito de atingir o aluno em sua totalidade. A educação pelo movimento, utilização e contribuição da ação, do movimento para desenvolver, facilitar e reforçar a aprendizagem escolar, se bem integre a Educação Física, é um principio universal reconhecido por médicos, psicólogos, educadores e especialistas. (HURTADO, 1987, p.18, apud, LOPES, 2012, p.29). A linguagem corporal difere das demais por ir muito além de conhecimentos teóricos e buscar integrar a teoria juntamente com a prática criando assim possibilidades de interação que possam vir a contribuir para todo o processo de desenvolvimento psicomotor. "Uma pessoa é mais do que um conjunto de partes isoladas. O desenvolvimento é um processo unificado". (PAPALIA, 2006, apud LOPES, 2012, p.36). Assim torna-se imprescindível a compreensão das manifestações corporais propiciando a criança conhecimentos que assegurem o desenvolvimento acerca dos movimentos e o uso destes, para que possam utilizá-los com maior precisão, usufruindo das habilidades que os movimentos corporais propiciam. A atividade motora é de suma importância no desenvolvimento global da criança. Através da exploração motriz, ela desenvolve a consciência de si mesma e do mundo exterior. As habilidades motrizes são auxiliares na conquista de sua independência. (ROSA NETO, 2002, p.12, apud LOPES, 2012, p.29). Sendo assim, para a criança aumentar o conhecimento na qual estejam relacionados com as diversas manifestações corporais torna-se necessário que toda a equipe gestora juntamente com a comunidade escolar compreenda as fases em que as crianças estão inseridas a fim de saberem lidar com as diversas situações existentes ao longo do processo de desenvolvimento. Assim todos os profissionais que lidam diretamente com a criança podem contribuir positivamente para o desenvolvimento da criança nos diversos aspectos. De acordo com Chagas (2010), a linguagem corporal reflete o estado emocional em que a pessoa se encontra dessa forma cada gesto exibido, transmite fontes de informações preciosas sobre o estado emocional da pessoa. A escola não é um espaço que é voltado somente para as funções cognitivas, pois ha uma preocupação social e pessoal com o educando, ou seja, volta-se para as questões afetivas e emocionais da criança, buscando compreendê-las em todas as suas manifestações. Os movimentos corporais são de suma importância para a compreensão dos limites e possibilidades do próprio corpo, pois é através das manifestações corporais que a criança estabelece os primeiros contatos como o mundo. Dessa forma cabe ao professor propiciar momentos que envolvam a interação entre as crianças ao mesmo tempo em que a mesma possa adquirir conhecimentos práticos através de atividades que envolvam a ludicidade e os movimentos corporais, permitindo assim, sua comunicação com o mundo, portanto, o educador tem o dever estar atento às atividades que desenvolve em seu cotidiano, pois, são em momentos como este que não se pode esquecer o foco principal da Educação Infantil que é a socialização. O professor pode explorar as capacidades físicas e intelectuais, assim como as valências motoras das crianças, através de brincadeiras que façam parte das culturas lúdicas e desportivas nas quais a escola está inserida e que oportunizem às crianças brincar com as outras, interagindo e construindo estratégias coletivas para atingir objetivos comuns, como já é possível fazer nesse estágio de desenvolvimento humano. (BRASÍLIA, 2005, p.14). Cabe ao professor ter consciência do quanto momentos que envolvem as manifestações corporais são importantes para a criança e quanto elas gostam de realizar atividades desse cunho. Moreira e Pereira, (2011), relata que o professor deve propiciar situações de aprendizagens para que as crianças possam vivencia-las, tornando essas manifestações como estímulo para o contexto social na qual serão realizadas. Portanto o professor deve desenvolver brincadeiras que proporcione o desenvolvimento da criança num todo, permitindo que as mesmas enriqueçam seu conhecimento através das manifestações apresentadas pelo corpo. Para a criança, a brincadeira tem importância em si mesma e, por isso, deve ser valorizada. A nós, educadores, cabe ter conhecimento das inúmeras possibilidades que cada momento propicia e aproveitá-las o máximo possível, fazendo com que todas as atividades sejam pedagógicas e enriquecedoras e percebendo no brinquedo, no jogo, no movimento e nas atividades corporais momentos de aprendizagem tão importantes como aqueles em que o corpo está guardado e apenas o intelecto está trabalhando. (BRASÍLIA, 2005, p.15). É necessário que o professor propicie oportunidades como propostas de enriquecer o conteúdo do educando na busca de atingir o desenvolvimento e a aprendizagem com qualidade, assim o mesmo deve criar formas diversificadas de envolvimentos que permitam aos educandos criarem suas próprias formas de manifestações corporais. Mas para que isso possa acontecer o professor precisa ter domínio do conteúdo referente às linguagens corporais, para que as informações cheguem aos educandos de forma bem explicita e compreensível. No interior da escola, o brincar se faz necessário para o aprendizado. Seria algo assim como aprender brincando. E quanto ao aprender brincando, considero-o não uma ferramenta de uso para o puro aprender, mas uma proposição de um caminhar numa via de mão dupla que mostrasse que o aprender não precisa ser feito só de não alegrias, mas de alegrias de fato. O uso do brinquedo e da brincadeira se faz necessário para propiciar esta condição de ludicidade e para aproximar a cultura adulta do ser criança, diminuindo a distância entre ambos. (LOPES, 2012, p.71). A realização de atividades que envolvem as manifestações corporais podem ser prazerosas e ao mesmo tempo educativas, pois, transmitem uma sensação de liberdade e ludicidade por não ter que estar sentado com cadernos e canetas nas mãos, diante de atividades que envolvam somente o aspecto cognitivo. As diferentes atividades corporais devem ser trabalhadas e baseadas e um conhecimento concreto por parte do educador, para que as mesmas sejam contextualizadas de acordo com o conhecimento e realidade cultural em que estes se encontram na busca de tornar as atividades sempre mais atrativas e objetivas, no intuito de atingir formas complexas de conhecimento. "Nesse contexto, percebe-se que a brincadeira, na condição de objeto da criança que brinca, é mais que um instrumento ingênuo como se poderia pensar, é a própria ferramenta da qual o individuo se utiliza para sua aprendizagem." (LOPES, 2012, 72). Fica evidente então que o papel do educador é fundamental para que ocorra aquisição de conhecimento, proporcionando um ambiente apropriado para a realização das atividades e assim possibilitar a interação e socialização entre os envolvidos nesse processo. As manifestações corporais não devem estar presentes somente fora da sala de aula em espaços amplos, mas também na sala aonde tudo depende da criatividade do professor que orienta e acompanha o desenvolvimento destes, para que explorem de maneira criativa as diversas possibilidades que essas atividades proporcionam. A dimensão subjetiva do movimento deve ser contemplada e acolhida em todas as situações do dia a dia na educação infantil, possibilitando que as crianças utilizem gestos, posturas e ritmos param se expressar e se comunicar. Além disso, é possível criar, intencionalmente, oportunidades para que as crianças se apropriem dos significados expressivos do movimento. A dimensão expressiva do movimento engloba tanto as expressões e comunicação de ideias, sensações e sentimentos pessoais como as manifestações corporais que estão relacionadas com a cultura (BRASIL, 1998, p.30). Situações que proporcionam ampliar as realizações de manifestações corporais devem ser propiciadas no decorrer das atividades em sala de aula e devem fazer parte do planejamento do professor com o intuito de trazer esse hábito para a realidade do aluno, de forma que possam sentir essa dimensão expressiva em seus atos e relacionamentos diários. As atividades motoras exercem papel fundamental para o desenvolvimento psicomotor, além de ser uma forma de diversificar a prática pedagógica sem perder a essência, de forma que oportunize o aluno a desenvolver suas potencialidades em busca de uma educação do corpo e mente de forma simultânea. De forma geral, podemos afirmar que as atividades motoras fazem parte do cotidiano das crianças em qualquer estabelecimento que se dedique à tarefa educacional de crianças em idade pré-escolar. O movimento, o brinquedo, os jogos tradicionais da cultura popular preenchem de alguma forma determinadas lacunas na rotina das solas de aula. Em algumas escolas podemos encontrar as músicas coreografadas no inicio dos trabalhos, o momento do parque livre ou dirigido, os cantinhos com jogos ou materiais lúdicos etc. (DIAS & NICOLAU (orgs.), 2003, p.176). Cabe ao educador a função de transmitir ao aluno a noção de que as atividades que envolvem as manifestações corporais devem ser realizadas, evidenciando assim que através desta prática estará ao mesmo tempo auxiliando no processo de desenvolvimento psicomotor e nas mais diversas formas de conhecimento. O fato é que independentemente do local em que se realizem as atividades que envolvem as manifestações corporais, o mais importante de tudo é o planejamento e fundamentação no assunto por parte do professor, pois, toda atividade a ser realizada deve ter um objetivo, só assim tem sentido e consegue-se identificar os pontos que devem ser analisados com mais precisão. Deve-se ressaltar que o educador precisa estar atento e considerar qualquer movimento representado pelo indivíduo, principalmente quando se refere à criança na educação infantil, contudo essas manifestações por meio do corpo podem estar simbolizando algo que a criança quer transmitir e não conhece ou não consegue repassar de outra forma, pois por meio dos movimentos a criança emite emoções, sentimentos, entre outros. Portanto o ensino por meio dos movimentos é uma proposta de fundamental importância para o desenvolvimento do indivíduo e seu convívio social. METODOLOGIA DA PESQUISA A pesquisa é descritiva, pois, visa descrever as características de um determinado público. Segundo Andrade (2007) a pesquisa descritiva tem como objetivo descrever as características de uma determinada população e preocupa-se em apresentar os fatos, registrá-los, analisá-los e interpretá-los e o pesquisador não interfere neles. Uma das características da pesquisa descritiva é a técnica padronizada da coleta de dados, realizada principalmente através de questionários e da observação sistemática. Assim objetiva-se mapear as ocorrências da linguagem corporal no espaço da Educação Infantil e como a mesma é tratada na busca de adquirir novos conhecimentos para compreender a realidade encontrada no espaço observado. No ato da pesquisa foram observados como as manifestações corporais das crianças ocorreram no âmbito escolar. Diante disso os procedimentos metodológicos necessários à realização dessa pesquisa partiram do método da abordagem qualitativa, onde há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. De acordo com os procedimentos metodológicos utilizados no levantamento bibliográfico, segundo Gil (1999, p.43), "esse tipo de pesquisa é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos", pois busca conhecer e analisar as contribuições científicas sobre um determinado assunto. Na perspectiva da pesquisa participante por amostragem, os dados foram coletados através de: observações, questionários diretos distribuídos a vários seguimentos bem como: Uma diretora, (ANEXO A) e as duas professoras que atuam com as turmas de 04 anos observadas no qual o questionário se encontra no ANEXO B. Devido à faixa etária em que as crianças observadas se encontram ocorreu apenas uma conversa informal com 05 crianças, pois, as mesmas não sabem escrever e não apresentam respostas com clarezas aos questionamentos. A pesquisa constituiu-se por levantamentos de dados com intuito de analisar os seguintes tópicos: Como ocorrem as manifestações corporais – pátio escolar, sala de aula e locais específicos para cada atividade a ser desenvolvida; Os educadores e gestores reconhecem a importância das manifestações corporais no desenvolvimento psicomotor das crianças. As manifestações corporais que as crianças revelam são voltadas à interação, socialização e comunicação das mesmas. Após estes levantamentos por meio de pesquisas e observações realizou-se a sistematização dos dados, através de uma comparação da teoria estuda antes de ir a campo, com a realidade encontrada na escola, na qual se encontra a seguir de forma sucinta. Descrição do espaço escolar. A Escola Municipal de Educação Infantil foi criada pelo Decreto Municipal Nº. 012 de 01 de fevereiro de 2010 e está localizada na Rua Amador Bueno s/n Jauru - MT. É autorizada junto ao Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso (CEE/MT) com o Nº. 114/2011 e credenciada junto ao mesmo conselho com Nº 029/2011, a mesma tem como Código no INEP o Nº. 51064723 e atende crianças de 04 meses a 05 anos de idade. A estrutura física é composta por 08 salas de aula, sendo que cinco turmas são de atendimento a crianças de 0 a 03 anos por período integral, duas turmas uma de 02 anos e outra de 03 anos no período vespertino, uma de 04 anos no período matutino e outra no vespertino, sendo que estas duas últimas citadas são as turmas que realizou-se as observações para a referida pesquisa. É composta também por salas específicas para gestores e educadores, brinquedoteca, biblioteca, sala de vídeo, banheiros femininos e masculinos adaptados de acordo com a faixa etária e nos padrões exigidos para atender os portadores de necessidades especiais, parque, lactário, cozinha, lavanderia, caixa de areia e cada sala contém espaços específicos para o momento de brincadeiras e socialização. Foto 1 – Fachada da escola Municipal Descrição: http://www.navegadormt.com/admin/up/creche_jauru.jpg Fonte: http://www.navegadormt.com/noticia.php?codigo=15023&categoria=Cidades. As turmas observadas foram as de 04 anos dos períodos matutino e vespertino, compostas por um total de 44 alunos, tendo como objetivo principal mapear a ocorrência das manifestações e linguagens corporais na realidade do espaço da escola pública municipal de educação infantil. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Diante das observações e questionários realizados juntamente com a diretora, as duas professoras e as cinco crianças no âmbito da escola municipal, pode-se concluir a importância do educador estar atento a todas as manifestações corporais exibidas pelas mesmas em seu cotidiano, pois os movimentos corporais estão presentes a todos os momentos nas atitudes aplicadas pelo ser humano. Com a criança não é diferente, porque são através das manifestações que as mesmas evidenciam todo o seu sentimento, emoções, criatividade e imaginação, também se relacionam e interage de forma espontânea uma com as outras, dessa forma, é possível identificar a criança, tímida, retraída, líder e com dificuldade de socialização. Sendo assim é preciso o professor estar sempre atendo as particularidades da criança, permitindo a identificação das possíveis dificuldades no processo de ensino aprendizagem. Segundo Gallardo et al. (1998, p. 87), " A riqueza do aprendizado propiciado pelas atividades motoras da cultura corporal não se esgota em sua realização pura e simples. É de fundamental importância que as crianças aprendam a refletir sobre sua vida prática, e não apenas vivenciá-la". Fica evidente então que a forma de ensinar modifica todo o processo de aprendizagem, sendo necessária a utilização das atividades corporais como parte fundamental para a compreensão e interação com o aluno, pois, através destas pode-se identificar as dificuldades e potencialidades. Segundo Chagas, (2010), através da linguagem corporal criam-se diversas possibilidades de interação entre aluno e professor, pois, a partir da realização destas consequentemente haverá uma comunicação entre as partes envolvidas de forma expressiva e significativa, proporcionando uma ampliação de novas oportunidades de conhecimento, valores, saberes e construção da própria identidade. As atividades corporais são muito importantes para o desenvolvimento da criança, pois, é através destes que a mesma adquire habilidades sociais, intelectuais, criativas e físicas. Com a realização de atividades que envolvem as manifestações corporais, facilita-se o processo de desenvolvimento da criatividade e imaginação, pois, são através destas que a criança se manifesta e estimula sua capacidade de forma que venha a contribuir para a socialização e interação no meio em que vivem. O professor deve refletir sobre as solicitações corporais das crianças e sua atitude diante das manifestações da motricidade infantil, compreendendo seu caráter lúdico e expressivo. Além de refletir a cerca das possibilidades posturais e motoras oferecidas no conjunto das atividades, é interessante planejar situações de trabalho voltadas para aspectos mais específicos do desenvolvimento corporal e motor. Nessa perspectiva, o professor deverá avaliar constantemente o tempo de contenção motora ou de manutenção de uma mesma postura de maneira a adequar as atividades às possibilidades das crianças de diferentes idades. (BRASIL, 1998, p.39). As atividades que envolvem expressões e manifestações corporais são de fundamental importância para que a criança possa se desenvolver num todo, por essa razão ao deixar de proporcionar às crianças atividades corporais que permitem seu desenvolvimento, é impedir de certa maneira que as mesmas manifestem sua cultura através dos movimentos e assim impedi-los de conhecer seu próprio corpo e suas potencialidades. Todas as atividades que envolvam os movimentos corporais devem ser trabalhadas e planejadas com muita atenção e dedicação, sendo assim cabe ao educador desenvolver competências que envolvam situações desafiadoras possibilitando as crianças, superar suas próprias expectativas, vencendo suas dificuldades em busca de adquirir novas perspectivas voltadas aos movimentos proporcionados pelo próprio corpo. Nesse sentido, é importante que o trabalho incorpore a expressividade e a mobilidade próprias as crianças. Assim, um grupo disciplinado não é aquele em que todos se mantêm quietos e calados, mas sim um grupo em que vários elementos se encontram envolvidos e mobilizados pelas atividades propostas. Os deslocamentos, as conversas e as brincadeiras resultantes desse envolvimento não podem ser entendidos como dispersão ou desordem, e sim como uma manifestação natural das crianças. Compreender o caráter lúdico e expressivo das manifestações da motricidade infantil poderá ajudar o professor a organizar melhor a sua prática, levando em conta as necessidades das crianças. (BRASIL, 1998, p.19). Organizou-se a distribuição para a análise dos questionários da seguinte forma: Diretora, professora I (do período matutino) e professora II (do período vespertino) e quanto às crianças serão mencionadas apenas as conclusões da conversa informal que se teve no decorrer da observação realizada. Ao serem questionados sobre as manifestações corporais e sua importância no desenvolvimento psicomotor da criança os gestores e professores responderam da seguinte maneira: "[...] Criança é sinônimo de ação, cientificamente já se prova que criança em movimento é garantia de constante aprendizado, que aprender brincando, até o momento é a melhor metodologia de se ensinar e aprender." (Diretora, questionário concedido em 24/11/2014). "[...] Ajuda nos movimentos motores, auxilia nas atividades de raciocínio lógico, memorização, percepção, etc.." (Professora I, questionário concedido em 25/11/2014). "[...] Ajuda no raciocínio lógico, desenvolvimento motor, cognitivo e desperta a concentração e percepção." (Professora II, questionário concedido em 25/11/2014). Diante das respostas dos profissionais envolvidos no decorrer da observação pode-se identificar que os mesmos apresentam conhecimento da importância das manifestações corporais no desenvolvimento e processo de ensino aprendizagem evidenciando assim, a relação entre teoria e prática, ou seja, ressaltando o quanto essas relações precisam caminhar juntas para se concretizar e buscar atingir de melhor forma o conhecimento do educando. No trabalho com atividades motoras amplas, a criança vai adquirindo mais controle sobre o movimento, que deve ser o alvo principal do trabalho educativo. Vale dizer: oferecer o trabalho com a criança significa buscar a melhora da qualidade do movimento para que ela passe a ter controle de si mesma. Este controle é obtido pela própria qualidade do movimento que executa a sua precisão. (LOPES, 2012, p.97). Quando questionadas sobre a frequência com o que realizam atividades que envolvem as manifestações corporais obteve-se as seguintes respostas: "[...] Este tipo de atividade nesta idade de 0 a 05 anos quase se torna espontânea no dia a dia das crianças, no entanto os educadores fazem planejamentos semanais de atividades que envolvem os movimentos corporais que são adequados ao cronograma dos espaços oferecidos para desenvolvê-las." (Diretora, questionário concedido em 24/11/2014). "[...] Todos os dias, antes de realizar as atividades propostas no caderno." (Professora I, questionário concedido em 25/11/2014). "[...] Todos os dias." (Professora II, questionário concedido em 25/11/2014). Desta forma destacam que as atividades voltadas às manifestações corporais são realizadas com frequência nas turmas observadas, portanto através das observações pode-se concluir que a veracidade dos dados citados são concretos, pois antes de começar as atividades pedagógicas todos os dias as aulas são planejadas com o intuito de propiciar momentos voltados aos lúdico, a aprendizagem e aos movimentos corporais. As professoras têm como propósito seguir um planejamento equivalente à faixa etária das crianças, ou seja, um cronograma de atividades na qual são desenvolvidas na perspectiva de atender as necessidades psicomotoras e proporcionar o melhor desenvolvimento em sua aprendizagem. Todos os dias há um cronograma a disposição do professor contendo horários para a utilização do parque, sala de vídeo, caixa de areia, brinquedoteca e biblioteca. Sendo assim fica a caráter do professor planejar atividades diferenciadas, para a utilização destes espaços e para o trabalho que desenvolva as manifestações corporais. Ao serem solicitados sobre a citação de algumas atividades que desperte as manifestações corporais que desenvolvem com seus alunos, obteve-se as seguintes respostas. "[...] Brincadeiras em círculo, cantigas de roda, corrida, salto, pular corda. Na sala de aula, no parque e no pátio da escola." (Professora I, questionário concedido em 25/11/2014). "[...] Músicas, brincadeiras de roda. Usamos o parque, sala e o pátio da escola." (Professora II, questionário concedido em 25/11/2014). As professoras exploram de forma significativa os espaços que a escola possui para o desenvolvimento de atividades voltadas para as manifestações corporais das crianças. Desenvolvem atividades lúdicas e que ao mesmo tempo auxiliam na coordenação motora ampla, explorando os diversos movimentos corporais a serem realizados pelas crianças. Durante as observações notamos que algumas atividades citadas pelas professoras, são realizadas em um espaço mais amplo como, por exemplo, no parque, sempre depois do lanche, no horário em que está no cronograma para a exploração do parque e as crianças se divertem muito na realização das brincadeiras propostas pelas professoras, também são muito utilizados pelas educadoras, os espaços atrás das salas de aula onde estão demarcados jogos de amarelinha, caracol, linha retas e curvas para que os mesmos desenvolvam com maior exatidão sua coordenação motora. Ao serem questionadas sobre quais aspectos que podem ser observados nas crianças através dos movimentos corporais, obtiveram-se as seguintes respostas: "[...] Cognitivo, motor, psicomotor, etc." (Professora I, questionário concedido em 25/11/2014). "[...] Ajuda muito no desenvolvimento motor na concentração, etc.." (Professora II, questionário concedido em 25/11/2014). Atividades que envolvem as manifestações corporais além de apresentar ludicidade estimula também o desenvolvimento psicomotor da criança, propiciando o aumento de suas potencialidades, assim despertando o prazer em realizar atividades deste cunho. Diante disso torna se claro a importância dessas manifestações motoras no desenvolvimento dos aspectos relacionados à motricidade, tornando possível por meio dos movimentos corporais a ampliação cultural que cada criança possui. O movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo. A dimensão corporal entrega-se ao conjunto da atividade da criança. O ato motor faz se presente em suas funções expressivas, instrumental ou de sustentação as posturas e aos gestos. (BRASIL, 1998, p.18). Quanto à disposição de espaços adequados para a realização de atividades que envolvam as manifestações corporais, responderam: "[...] A instituição conta com uma ampla área verde que favorece muito nas atividades corporais das crianças. Mas ainda há muito a se fazer para atender no desenvolvimento psicomotor das crianças." (Diretora, questionário concedido em 24/11/2014). "[...] Sim. Parque, não é o mais indicado mais é o que temos." (Professora I, questionário concedido em 25/11/2014). "[...] Sim. No pátio da escola e no parque." (Professora II, questionário concedido em 25/11/2014). Dentro do que foi analisado no decorrer das observações, pode-se identificar que a escola dispõe realmente de espaço adequado para o desenvolvimento das atividades com as crianças, assim entendemos que as manifestações corporais podem acontecer em qualquer espaço, não tendo a necessidade de um local específico para esses acontecimentos, porém no âmbito escolar é de suma importância que haja um espaço amplo e material apropriado para que a criança possa manifestar seus movimentos livremente, proporcionando ao professor identificar as necessidades das crianças e valorizar seu aprendizado e suas evoluções. Quando questionados sobre o incentivo e apoio para a realização de projetos ou atividades direcionados às manifestações corporais no âmbito escolar, as mesmas responderam: "[...] Através de projetos desenvolvidos no decorrer do ano letivo se propõem um cronograma de atividades variadas onde são cumpridas de acordo com a idade e limitação das crianças." (Diretora, questionário concedido em 24/11/2014). "[...] Sim. Apoia e auxilia no que for necessário." (Professora I, questionário concedido em 25/11/2014). "[...] Sim. E também auxilia no que é necessário." (Professora II, questionário concedido em 25/11/2014). Todo o projeto deve ser voltado para atender as necessidades das crianças, buscando inovar suas práticas sendo que os educadores precisam desenvolver atividades que sejam criativas e atraentes jamais permitindo que as atividades propostas em sala se tornem rotineiras, devendo-se por parte do educador ter o cuidado para que as aulas não permaneçam na repetição e assim as crianças possam adquirir conhecimento do mundo que as cercam, pois são em momentos como estes que as mesmas desenvolvem a comunicação passando a construir sua própria identidade, permitindo a interação e a socialização entre elas, diante disso cabe ao educador ser mediador estimulando e facilitando o uso de vivências corporais no espaço da educação infantil. A atividade motora é de suma importância para o desenvolvimento global da criança. Através da exploração motriz, ela desenvolve a consciência de si mesma e do mundo exterior. As habilidades motrizes são auxiliares na conquista de sua independência. (ROSA NETO, 2012, p.12, apud, LOPES, 2012, p. 29). As atividades que envolvem as manifestações corporais necessitam caminhar junto ao processo de aprendizagem da criança, pois ambos estão envolvidos diretamente um com o outro, não podendo jamais se encontrar distantes ou até mesmo separados do processo de ensino aprendizagem na qual a criança está inserida. De acordo com Chagas (2010), a linguagem corporal é de extrema importância para o processo de ensino aprendizagem, pois, todos os métodos e instrumentos utilizados contribuem para o desenvolvimento da criança proporcionando às mesmas um aprendizado que assegure suas expressões corporais ao longo da vida. Através de conversas informais com cinco crianças, as mesmas relataram que os espaços no qual costumam utilizar para brincar são: "[...] na brinquedoteca, sala de vídeo, na areia e no espaço atrás da sala de aula". E quando comentamos sobre as atividades que tenham que se movimentar, quais mais gostavam, responderam: "[...] dançar, brincar de rodinha e contação de histórias". Sendo assim, observa-se que as respostas obtidas através do diálogo com as crianças, não estão de acordo com a realidade questionada, pois, comentam aquilo que mais gostam de fazer na escola independente do que foi questionado. As manifestações corporais mapeadas no espaço escolar são presentes e praticadas pelas professoras da sala na qual foram desenvolvidas as observações, sendo que, no decorrer das aulas, observa-se que as crianças são comunicativas e se socializam bem umas com as outras, andam muito pela sala da aula, ajudam uma a outra na realização das atividades e até compartilham materiais. Diante das diversas vivências no decorrer das observações destacamos a presença das manifestações através das expressões faciais, no qual as crianças transmitem suas emoções e sentimentos, ou seja, se estão tristes, alegres, tímidos e comunicativos. O movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo. A dimensão corporal integra-se fortemente ao conjunto da atividade da criança. (DIAS & NICOLAU (orgs.), 2003, p.176). No espaço da sala de aula também as crianças correm, saltam, dançam, viram cambalhotas, sobem nas janelas, plantam bananeiras na parede da sala, fazem suas estripulias brincando livremente, sendo que, para a criança todo o lugar é lugar de brincar, algo natural e que permite a mesma expressar prazer o tempo todo, por mais simples que seja sua atividade, dessa forma detectamos a presença dos movimentos corporais nas atividades desenvolvidas na sala de aula proporcionando conhecimento e encanto quando a criança executam suas atividades. Durante o período de observação notou-se que as crianças realizavam movimentos para que assim chamassem a nossa atenção como, por exemplo: brincadeiras voltadas para o equilíbrio, virar cambalhotas, virar estrelinha, dizendo ao observante, "o tia (o), olha o que eu sei fazer" entre outros movimentos que as mesmas realizavam com o mesmo intuito. Observou-se também durante a realização de atividades em sala de aula, que a professora segue um planejamento de execução das atividades como é proposto para o referido dia, assim, dentro deste mesmo planejamento existe um cronograma a ser seguido e por se tratar de todo plano de aula ser flexível, a educadora pode alterar esse cronograma de acordo com as necessidades apresentadas pelas crianças. Após a realização das atividades, as crianças tem liberdade para expressar sua imaginação realizando suas manifestações corporais através do uso dos próprios materiais levados de casa, ou dos que se encontram disponíveis na sala de aula, bem como jogos de encaixe, que são discretos e não atrapalham a realização das atividades por parte dos outros alunos. Com isso, enfatizamos que os conteúdos a serem desenvolvido devam estar relacionados com a ludicidade, de modo que a mediação do professor aconteça na própria brincadeira, estimulando novas formas de brincar e aproveitando-se daquelas que os próprios alunos propõem. Se a brincadeira proposta pelos alunos não couber naquela situação de aprendizagem, é preciso que entenda as razões disso. Brincar durante a aula não se traduz em deixar a criança fazer o que quer. (PICCOLO e LENI, 2012, p.11). Mesmo as atividades que envolvem as manifestações corporais realizadas na sala, após o termino do que a professora propôs como mediações de aprendizagem jamais devem ser deixadas de serem observadas e acompanhadas de perto, para que não se transforme em algo sem significado e objetivo, pelo contrário toda manifestação corporal, deve ter um planejamento adequado para cada momento. Notou-se que, durante as aulas observadas, os movimentos corporais fizeram-se presentes nas mais diversas formas de manifestações apresentadas pelas crianças, bem como: quando a professora inicia a aula, durante a contação de história, utilizam-se as mais variadas formas de expressões, para aguçar a participação e envolvimento do aluno no contexto da história, e logo após vem o momento da música, sequência essa realizada todos os dias, onde a professora canta com os alunos diversas músicas, na qual eles já dominam com certa facilidade e a maioria dessas envolvem na realização de imitações e/ou movimentos de ritmos. Observa-se que a participação dos alunos se torna muito mais envolvente proporcionando ás crianças a busca pelo gosto e o prazer de aprender com atividades que envolvem o movimento corporal. Apenas um tema pode gerar uma história que pode ser contada por meio de expressões corporais, e a brincadeira associa a imaginação e a criatividade, traduzindo-se em processos psicológicos que dão significado à aprendizagem. (PICCOLO e LENI, 2012, p.70). Sendo assim conclui-se que durante as observações, as realizações das atividades estão de acordo com as palavras das educadoras questionadas, pois, buscam a execução de atividades que envolvem as expressões corporais das crianças, estimulando-as assim sempre a utilização desses movimentos como uma forma de aprendizagem significativa e que proporcione o desenvolvimento psicomotor. CONSIDERAÇÕES FINAIS O referido trabalho teve como objetivo principal mapear a ocorrência das manifestações e linguagens corporais na realidade do espaço da escola pública municipal de educação infantil. Diante dos dados obtidos e das orientações teóricas a respeito do tema, pode concluir-se que as manifestações corporais são compreendidas e desenvolvidas neste âmbito escolar, buscando uma contribuição para a formação da criança e com o intuito primordial de associar a teoria e prática, ou seja, atingir o desenvolvimento psicomotor. As manifestações corporais propiciam oportunidades de conhecer o próprio corpo, suas possibilidades e limitações, contribuindo assim para o seu desenvolvimento psicomotor. Dessa forma não podemos deixar de destacar que as atividades que envolvem movimentos corporais são muito importantes para o desenvolvimento global da criança, sendo essa fundamental para a conquista da independência, ou seja, através das explorações e diversos movimentos corporais a criança cria mais liberdade e amplia suas possibilidades de vivenciar as atividades que envolvem o corpo. É muito importante disponibilizar recursos e oportunizar a exploração das manifestações corporais, para que assim possa aprimorar o conhecimento e aguçar a curiosidade, já que desta maneira se alimenta o repertório de conhecimentos acerca da linguagem corporal, ao mesmo tempo em que a imaginação ganha asas. As observações e dados obtidos no decorrer da realização da pesquisa auxiliam-nos na conclusão de que os movimentos corporais são de suma importância para a compreensão e conhecimento de seu próprio corpo. Dessa forma as manifestações corporais, por mais atraentes que possam parecer não podem cair na repetição, onde a criança fica restrita a imitar os gestos e movimentos dos adultos e dos colegas e sim estimular a criatividade e favorecer a experimentação, agregando novos conhecimentos a respeito das manifestações corporais aos já adquiridos, deve-se então propiciar a fomentação de confiança para a aquisição de novos padrões motores, fazendo com que a criança sinta-se confiante em sua capacidade de explorar nos espaços que lhe são oferecidos com seus respectivos desafios e estímulos na busca de atingir e aguçar sempre a curiosidade da criança. O educador deve compreender que todas as manifestações através do corpo, principalmente no que se refere à educação infantil é de suma importância para o desenvolvimento do indivíduo. O ensino por meio dos movimentos é um método lúdico que facilita o processo de ensino aprendizagem, sendo que a criança aprende de forma prazerosa, porém o professor deve trabalhar e desenvolver suas atividades de maneira consciente e não "brincar por brincar". Baseado nesse contexto, Santos (2001, p.15) relata que: "A educação pela via da ludicidade propõe-se a uma nova postura existencial, cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando inspirado na concepção de educação para além da instrução". Deve-se ter consciência também de que as realizações de atividades que desenvolvam os aspectos motores são muito importantes para o desenvolvimento do aluno de forma geral, buscando assim sempre trabalhar as manifestações corporais independente do espaço que se tem para tal realização. Ao final dessa observação obteve-se noção dessas possiblidades de trabalho com as linguagens corporais tanto em sala de aula quanto fora, de forma a concluir-se que todas as atividades são possíveis de ser realizadas desde que o professor planeje suas aulas e que essas sejam ao mesmo tempo flexíveis, para atingir as necessidades dos alunos, tornando-se possível o acontecimento de interação e socialização nesse processo da educação que é tão importante para a formação social do aluno. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. 8. Ed. São Paulo: Atlas, 2007. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Conhecimento de Mundo. Brasília: MEC/SEF, 1998. CHAGAS, Renata. Linguagem Corporal, 2010. Disponível em Acesso em 11 de setembro de 2014. DIAS & NICOLAU (orgs.). Oficinas de sonho e realidade na formação do educador da infância. 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Email: [3] Graduanda do último ano do Curso de Pedagogia na Modalidade à Distância UAB/UFMT no pólo de Jauru/MT. Email: [4] Especialista em Literatura Infantil e Infanto-Juvenil, Graduada em Pedagogia pela UNEMAT; Professor Orientado no Curso de Pedagogia na Modalidade à Distância UAB/UFMT no pólo de Jauru/MT. Email: [5] Graduanda do último ano do Curso de Pedagogia na Modalidade à Distância UAB/UFMT no pólo de Jauru/MT. Email: [6] Graduanda do último ano do Curso de Pedagogia na Modalidade à Distância UAB/UFMT no pólo de Jauru/MT. Email: [7] Especialista em Literatura Infantil e Infanto-Juvenil, Graduada em Pedagogia pela UNEMAT; Professor Orientado no Curso de Pedagogia na Modalidade à Distância UAB/UFMT no pólo de Jauru/MT. Email:

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